Para responder à vossa questão, sim, funcionou, não sou tão sádico assim a ponto de o ter morto, mesmo que não intencionalmente, também não havia descansado, tão preocupado estava, e, verdade seja, mal conseguira mexer-me, já que, como um fardo, não me podia mover livremente, com medo de uma infecção por parte do miúdo…
Ou antes rapaz, que com os seus 17 anos não se é miúdo, mas estou a dispersar…de novo, avancemos…
Dois dias haviam passado desde a nossa “operação” improvisada, depois de rebolar, o fogo havia sido apagado, Mark já não sangrava, mas não tinha ganho nada, no lugar de cortes tinha queimaduras, nada muito grave, penso eu, talvez umas quantas de segundo graus, mas nada que não pudesse tratar.
Reedy tinha insistido em ir ao hospital, mas eu recusei, na verdade a ideia nem me passou pela mente, porque afinal, bastava um infectado, e todo o hospital seria infectado, mas talvez não fosse assim tão mau…a inconsciência, a “imortalidade” provisória…mas não…a racionalidade, assim como a minha humanidade são importantes,e bons.
Seja como for, estou a enrolar, obriguei o tipo a seguir-me (apesar das suas lamurias) de volta a minha casa, não fomos muito longe, as queimaduras fizeram-no cair, ai fim de alguns minutos…
E prontos, aqui estávamos, calculo que tenhamos avançado uns 300 metros, percorri-os em meia hora, quando vinha para cá, mas era um tempo razoável, já que avançava-mos a cerca de 90 a 100 metros por dia, pausas constantes, água e comida, que já se estava a esgotar, e descanso…caramba, nada corria como previsto! Ainda nos faltavam quase 500 metros, assim nunca mais!
Mas nesse momento, milagre! Como se fosse um Truque de escrita de um escritor ranhoso, fomos salvos pelo imprevisto, apareceu um dos meus colegas…a Lizzie!
Andava a pé, com uma camisola sem alças, suor escorria-lhe pela cara , enaltecendo-lhe as expressões, não sei se foi da esperança ou do cansaço mas nesse momento ela pareceu-me…linda.
Nunca tinha reparado muito nela, sinto-me culpado por isso, era uma rapariga normal…acho eu, cabelo preto, morena, olhos verdes, era mais alta do que eu, mas quem não era? Parecia perdida, abanando os braços chamei-a, abanando os braços desenfreadamente, era não só alguém para me ajudar como era o primeiro contacto com o mundo exterior que tinha em 3 dias, não muito tempo, mas muito podia ter acontecido com o apocalipse e tal…
Ela pareceu ter-me visto, e avançou na minha direcção, depois aproximou-se e perguntou-me com um olhar de dúvida na cara:
- Mick?
Sentia-me como um hipócrita e ia ter muito que explicar…
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